Gostaríamos de iniciar esse texto propondo um exercício: que você, leitor ou leitora, pense em alguns profissionais que mudaram a história das tecnologias no mundo. Se as pessoas que vieram à sua mente foram Bill Gates, Steve Jobs ou Elon Musk, não é à toa.
A área de Tecnologia da Informação (TI), assim como as áreas de Ciência, Engenharia e Matemática (que juntas formam a sigla STEM, em inglês) são consideradas fundamentais para os empregos do futuro, impulsionando a inovação, o bem estar social, o crescimento inclusivo e o desenvolvimento sustentável, mas as carreiras existentes ainda são ambientes muito masculinos e homogêneos.
Por isso é comum que a pulsão da memória nos leve direto às referências masculinas nessa área, embora grandes conquistas que ocorreram em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) sejam também resultado do esforço de várias mulheres, como Ada Lovelace, Grace Hopper, Irmã Mary Kenneth Keller e Hedy Lamarr, pioneiras do campo.
Legado que segue crescendo com a geração atual de representatividade para o cenário tecnológico, como Susan Wojcicki, CEO da plataforma Youtube; Safra Catz, CFO da Oracle e diretora do Grupo HSBC; e Nina Silva, mulher preta, brasileira, Forbes Women 2019, que construiu carreira na TI e hoje segue com seu projeto de empoderamento da população preta e periférica, o Movimento Black Money.
SAIBA MAIS
Diversidade, educação e apoio são essenciais para redução de desigualdade de gênero em TI
Questões socioculturais: tecnologia é coisa de menina?
As desigualdades de gênero no campo de TI são inúmeras. E queremos tocar o dedo nessa ferida, já que igualdade e diversidade são alguns dos valores que balizam nossas práticas enquanto Laboratório de Inovação da Escola de Saúde Pública do Ceará.
Segundo informações do Fórum Econômico Mundial, apesar das mulheres já serem o gênero que mais conclui cursos de graduação no mundo, detendo 56% dos diplomas universitários, elas representam somente 36% dos formados nas áreas TI e apenas 25% da força de trabalho, reflexo do afunilamento de oportunidades que passa também por questões de gênero.
De acordo com o relatório “Decifrar o código: educação de meninas e mulheres em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática em STEM”, produzido pela Unesco, apenas 30% dos pesquisadores ao redor do mundo são mulheres e somente 35% de todos os estudantes matriculados em áreas relacionadas às ciências são do sexo feminino.
Essa disparidade de gênero na participação e no desempenho na educação em STEM tem sido objeto de extensas pesquisas ao longo de várias décadas. E é possível que esse cenário esteja se modificando, ainda que gradualmente. Alice Abreu, professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), comentou, durante o evento online Jornada das Mulheres em STEM, que ciência e gênero estão no centro do debate de todas as instituições contemporâneas, e que nos últimos 30 anos “tivemos uma avalanche de pesquisas de publicações que realmente trouxeram uma reflexão muito sólida sobre tema.”
Assim, o primeiro passo para a mudança é a reflexão sobre o assunto: você já parou para pensar porque isso ocorre na atuação das mulheres em TI? Que tal tentar entender os motivos que levam o número de mulheres ser bem menor do que o de homens? Vamos conhecer melhor os desafios enfrentados pelas mulheres quando optam por carreira em Ciência e Tecnologia? Estamos preparados como sociedade para esse futuro que implica oportunidades para todas as pessoas?
Queremos convidar você a acompanhar o especial “Mulheres na TI”. A série terá 6 episódios e será publicada sempre às terças-feiras. Hoje falaremos sobre alguns motivos que influenciam a participação e o desempenho de mulheres no campo das tecnologias. E nos próximos episódios você conhecerá o perfil das mulheres que trabalham no FeliciLab e na Escola de Saúde Pública do Ceará, e conhecer o que motiva e o que desmotiva essas mulheres a desbravarem a carreira nessa área. Vamos juntes?
CONTINUE NO ESPECIAL MULHERES NA TI:
Questões socioculturais: tecnologia é coisa de menina?