Fortaleza, CE

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Uma conexão que teve início com a produção de face shields e de um portal de informações sobre a Covid-19 poderá se tornar o primeiro hub de inovação em saúde no Ceará. A articulação foi feita pelo FeliciLab – Laboratório de Inovação da Escola de Saúde Pública do Ceará e pelo Idesco, e o CriarCe foi o espaço de inovação que acolheu as duas instituições para realização do encontro. A escolha do CriarCe como local dessa reunião simbolizou o reconhecimento das enormes contribuições que esse projeto da SECITECE vem dando à inovação no CE.

 

“Tudo começou com um pedido da Ivelise [Ivelise Brasil, coordenadora do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual do Ceará] por face shields para os profissionais do Hospital Geral de Fortaleza. Mobilizamos as pessoas, as impressoras, recuperamos esses equipamentos, inclusive, e entregamos mais de 10 mil proteções faciais na primeira onda da pandemia”, explica Thiago Barros, coordenador do Criarce, ao descrever as origens do grupo de pesquisadores que participarão da equipe de um novo laboratório de prototipação em saúde.

 

Novas ideias e articulações tomaram fôlego e junto a outras organizações como o Laboratório Biofísico de Respiração (LBR/UECE) e o Instituto Idesco, foram também desenvolvidos um vídeo-laringoscópio de baixo custo com barreira de proteção e um ventilador pulmonar, com tecnologia 100% cearense. Enquanto isso, o FeliciLab estava atuando na produção do site de informações governamentais de enfrentamento à pandemia no estado, do aplicativo iSUS, da Central de Ventiladores Mecânicos do Estado e também apoiando a criação do Elmo, capacete de respiração não invasivo.

A coordenadora do Núcleo de Inovação Tecnológica da Escola de Saúde Pública, Alice Pequeno, lembra que o fato da ESP ter se tornado uma Instituição de Ciência, Tecnologia e Inovação facilita a execução de processos inovadores, o que é mais um aspecto favorável para a composição de um Laboratório de Inovação Aberta. “Ao se tornar uma ICT, a ESP constitui o NIT com a proposta de disseminar a cultura de inovação aberta em saúde e integrar as potencialidades das instituições”.

Hoje a conversa foi sobre a necessidade de estruturar e fortalecer um elo entre as diferentes instituições e iniciativas inovadoras na área da saúde que possam ser produzidas em rede, de forma aberta e sustentável. Assim, além das pessoas e instituições já citadas, estavam presentes o Laboratório de Pesquisa e Inovação em Cidades da Unifor, com a experiência do Elmo 2.0 e a Rede de Núcleos de Inovação do Ceará (Rede NIT-CE). O FeliciLab – Laboratório de Inovação da Escola de Saúde Pública do Ceará deverá atuar como grande articulador e integrador desse hub de inovação em saúde.

“Temos aprendido com a pandemia que não faltam iniciativas e pessoas experimentando ideias, algumas muito esdrúxulas, outras que se dizem novidades mas não são, tem de tudo. O que tem feito a diferença é o aprendizado sobre como produzir de forma mais sustentável, utilizando componentes de qualidade mas de baixo custo, e que sejam planejados e baseados em melhores práticas de negócios desde sua ideação. Boas parcerias desde o início do processo são essenciais para a solução funcionar”, diz o professor e pesquisador Sales Ávila (LBR/UECE).

 

Para Marcelo Alcântara, o Elmo foi um exemplo de como é possível criar soluções que resolvam problemas reais da saúde envolvendo um coletivo de parcerias e investimentos. “Agora precisamos avançar nessa capacidade de desenvolvimento a partir de um modelo de negócio que identifique e envolva parcerias do início ao fim do processo, da identificação do problema de saúde até a testagem e utilização final da solução”.

 

“O Elmo é um case que nos mostrou o quanto essa articulação entre pessoas e projetos é possível e indispensável para a própria sustentação do ecossistema de inovação. A ideia de que uma instituição só não precisa ser a produtora de tudo, mas a colaboração e o compromisso entre esses atores é capaz de chegar. E não podemos esperar outra pandemia para isso acontecer”, completa o coordenador do FeliciLab, Uirá Porã.

Para que isso seja possível, a inovação aberta e colaborativa é o único caminho viável, na opinião do cientista chefe de inovação do Ceará, Samuel Façanha. “Essa ideação colaborativa é essencial ao modelo de inovação, que é completamente diferente do que se faz hoje na maioria das instituições, de domar a criatividade, de pegar as pessoas criativas e colocá-las em caixinhas, em nichos”.

O próximo passo é pensar nos termos de cooperação necessários para materialização das parcerias.