Fortaleza, CE

Conteúdo Recuperado para Fins de Memória e Pesquisa



 

Se antes a TI era conhecida por ser um centro de processamento de dados, hoje é tudo simplificado. Irlene Rodrigues, chefe do Núcleo de Tecnologia da Informação e da Comunicação (NUTIC) da Escola de Saúde Pública do Ceará, relata sobre suas experiências quando começou na carreira e a evolução das tecnologias nos dias atuais.

 

Você lembra como eram os computadores nos anos 90? Essa época foi revolucionária e decisiva para a consolidação e a popularização dos computadores como itens de consumo doméstico e acessíveis às pessoas comuns como instrumentos de trabalho e de lazer.

Mas as coisas eram muito diferentes há 25 anos: os PCs eram mais simples, tinham menor capacidade de processamento, os monitores eram grandões e de baixa resolução, pen drives não existiam e tudo ia parar nos disquetes.

Com o avanço da tecnologia, os computadores pessoais tornaram-se mais acessíveis. Bill Gates e a Microsoft desenvolveram um software que nos permitiu usar nossos computadores de maneiras novas e emocionantes, Steve Jobs trouxe ao mundo o primeiro iMac e a criação do World Wide Web (www) pelo engenheiro inglês Tim Berners-Lee, que ultrapassou barreiras ao aproximar pessoas, culturas, mundos e informações.

Que viagem no tempo!


SAIBA MAIS
Mulheres na TI: diversidade, educação e apoio para promoção da igualdade de gênero
Questões socioculturais: tecnologia é coisa de menina?
“No futuro, qualquer bodega vai precisar de um computador”
“Todas as pessoas são igualmente capazes”

Foi na segunda metade da década de 1990 que a história na TI começou para Irlene Rodrigues, chefe do Núcleo de Tecnologia da Informação e Comunicação (NUTIC) da Escola de Saúde Pública do Ceará.

“Tudo começou com a chegada dos primeiros computadores na Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (SESA). O setor em que eu trabalhava realizava os procedimentos médicos que eram consolidados e enviados para o Ministério da Saúde. Então comecei a aprender a usar o computador e isso foi que me fez entrar para área da computação.”

Por mais que as grandes invenções de TI tenham surgido de mãos e mentes femininas, muitas vezes as mulheres ainda se sentem subjugadas em suas equipes de trabalho. Isso já era uma realidade na carreira de Irlene, já que na década de 90 não era comum ver mulheres trabalhando em uma área majoritariamente masculina.

“Em 1996 foi criado o Departamento de Informática na SESA que tinha três setores: Divisão de Sistemas, Divisão de Suporte e Divisão de O&M. Então eu fui trabalhar lá. Comecei como técnica de suporte. Nessa época as pessoas ficavam admiradas por eu ser mulher e trabalhar no universo masculino da época.”

A organização sem fins lucrativos Girls Who Code prevê que até 2020, 1,4 milhão de trabalhos serão ofertados no setor de Tecnologia da Informação, somente nos Estados Unidos. Mas de acordo com o último censo do IBGE, a desigualdade de gênero na profissão ainda impera no Brasil, já que apenas 20% dos empregos em tecnologia da informação são ocupados por mulheres. E ainda segundo o mesmo estudo, mostra que, se nada for feito, o percentual de mulheres na TI será de 22% em 2025 (hoje está em 24%), a menor taxa da história e uma longa queda se comparado com os 37% de 1995.

Por isso, investir na qualificação é fundamental. O ano de 2020 foi um divisor de águas para o mercado de TI. A pandemia de Covid-19 acelerou as transformações digitais e a tecnologia passou a ser o centro do desenvolvimento de negócios. Por ser um mercado que só evolui, Irlene não mediu esforços para continuar nos seus estudos e na especialização.

 

“Por um tempo ocupei o cargo de Divisão de Suporte e depois o cargo de Divisão de Sistemas. Um fato curioso foi que minhas colegas de trabalho me diziam que não iam aprender a usar computador porque não teriam aumento no salário delas. Hoje elas continuam fazendo as mesmas coisas. E como não me importei se ia ganhar mais ou não, segui em frente na formação e especialização. E hoje eu estou aqui na ESP/CE como Gestora de TIC.”

Para Irlene, a representatividade é uma das chaves para recrutar e preservar mais mulheres no setor de TI. Mirar-se no exemplo de outras mulheres e jogar luz à trajetória delas é uma forma de engajar novas profissionais.

“Acredito que o machismo ainda impera nessa área. Na prática, as mulheres ainda são minoria no segmento de TI, mas as grandes empresas estão mudando esse cenário. Como o Google, em média, 30% dos colaboradores são mulheres. E atualmente não vejo muita desigualdade de gênero na área de TIC. Há muitas mulheres que são bem sucedidas como: Susan Wojcicki, Virginia “Ginni” Rometty, Ursula Burns, Safra Catz, Sheryl Sandberg, Margaret “Meg” Whitman, Cher Wang e Angela Ahrendts.”

Da virada do milênio para os dias atuais, muita coisa mudou! A informação acessível à disposição passa a ser fator chave de sucesso. A agilidade e a inovação dos processos é uma realidade. As empresas do presente e do futuro já promovem a sinergia entre fator humano e automação. Esse novo cenário impacta diretamente o mundo, exigindo que as organizações mudem a forma de se relacionar com as pessoas usuárias de seus produtos e serviços.

“Da minha época para os dias atuais mudou muita coisa. Antes se conhecia a TI por centro de processamento de dados (tudo em mainframes). Hoje é tudo simplificado, inteligência artificial, machine learning, ciência de dados. Isso tudo torna a informação o bem mais precioso para a tomada de decisão”, relata a chefe do NUTIC.

Atualmente, a tecnologia vem se mostrando indispensável. É quase impossível pensar em qualidade de vida, sem levar em consideração a grande contribuição da tecnologia na saúde. São muitos os avanços e descobertas científicas, medicamentos e pesquisas, equipamentos de diagnóstico e softwares de gestão e comunicação que também são acessíveis por meio de dispositivos móveis. As tecnologias têm feito a diferença no cuidado com as pessoas e na gestão de saúde pública.

Segundo Irlene, trabalhar com TI é muito gratificante, apesar de todas as dificuldades que possa encontrar no caminho. “O que eu mais gosto são os desafios, fazer as entregas e as grandes inovações tecnológicas. O que me desaponta é que o setor de TIC não recebe o valor devido. Todo mundo quer tecnologia, mas o investimento é muito pouco. Porém me sinto gratificada por eu ser a responsável pela pela construção e desenvolvimento de TIC da ESP/CE.”

 

 


CONTINUE NO ESPECIAL MULHERES NA TI

No próximo episódio, conheça Helen Hilário, gestora de projetos do NIT/FeliciLab.